Dia Mundial da Água: Por que a conservação da água é urgente?
O Dia Mundial da Água, data criada pela ONU, serve para relembrar que preservar a água é crucial para a vida no planeta como a conhecemos.
Tudo é água. Ela está em toda parte: em tudo o que você vê, em tudo o que toca, come ou usa em seu dia a dia.
Você, por exemplo, é composto por 60% de água, sabia? Nosso planeta também é 70% líquido, e os outros animais e plantas também são constituídos, em média, por 65% de água.
Percebeu como não dá para falar em vida sem falar em água? Essa é a razão da ONU ter criado, em 1993, o Dia Mundial da Água: uma data que pretende conscientizar governos, empresas e pessoas sobre o papel fundamental desse precioso recurso para a sobrevivência da espécie humana na Terra.
E se foi preciso criar uma data especial para isso, é sinal de que estávamos — ou ainda estamos — fazendo um uso irracional e desmedido desse valioso recurso natural. Certo?
Índice
- A importância da água
- Água Doce x Água Potável
- Tem para todos?
- Um mar de problemas
- Aquecimento - e ressecamento - Global
- O que é Pegada Hídrica?
- Como preservar?
A importância da água em nossas vidas
Os números e estatísticas que citamos no início deste artigo podem dar a falsa impressão de que a água é um recurso abundante e infinito em nosso planeta. No entanto, nada poderia estar mais longe da verdade.
É preciso entender que sim, há muita água em nosso planeta e à nossa volta, mas existem tipos diferentes de água, e cada um deles tem a sua importância.
A água que recobre a imensa maioria da extensão terrestre está nos oceanos: aproximadamente 97,5% de todo o volume de água existente no planeta é salgada. Mas se você já engoliu, sem querer, a água do mar, já deve ter percebido que toda essa imensidão de água do mar não serve para matar a sede. Isso nos deixa, então, com 2,5% restantes de água doce que circula pelo planeta. A maior parte dela está nos pólos e em suas geleiras. Outra parte está no subsolo, em aquíferos e poços, e somente 0,03% de toda a água do mundo está em lagos, rios e outras fontes disponíveis para atender às necessidades humanas. Pois é!
Água Doce x água Potável
Destes 0,03 de água doce, apenas uma parte dela pode ser chamada de água potável, que é a água que tem condições de ser ingerida por pessoas e animais sem causar riscos à saúde, bem como ser utilizada na preparação de alimentos.
A água doce ainda é usada em diversas atividades cruciais de nossa vida, como a pecuária, a agricultura ou a indústria. Também é a água que corre em nossas cidades, utilizada em nossos lares para limpeza, banho e outras atividades, além dos sistemas de saneamento básico.
Percebemos, assim, que a água doce é um recurso extremamente útil, porém muito raro: o recurso é finito, apenas uma parte dele é potável e, para complicar um pouco mais essa matemática, o número de pessoas na Terra só aumenta.
Tem para todos?
A água potável não chega de forma igual aos 7 bilhões de habitantes do nosso planeta. Na verdade, acontece justamente ao contrário: a divisão é bem desequilibrada, por diversos fatores.
Um deles é natural: há regiões do globo com abundância de recursos hídricos – o Brasil é um deles, concentrando cerca de 12% de toda a água doce do planeta – e outras com escassez. Outro motivo é econômico e tecnológico: sem recursos para captar, tratar e distribuir a água, muitos países sofrem com a falta dela. Confira os números dessa desigualdade:
- Segundo a ONU, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo não possuem acesso à água potável em quantidade suficiente para suas necessidades básicas. É muita gente sem água de qualidade.
- Por conta disso, a OMS estima que mais de 80% das doenças no mundo resultam da ingestão de água contaminada, com mais de 25 tipos diferentes de patologias relacionadas que matam, todos os anos, 3,5 milhões de pessoas - mais mortes que as causadas por todas as formas de violência, incluindo guerras.
- A disponibilidade de água potável na região da África Subsaariana é de 24%, enquanto na Europa chega a 94%.
- Estudos mostram que, em média, os habitantes de localidades atingidas por estresse hídrico precisam percorrer 6 quilômetros para obter água para seu uso diário.
E se por um lado o surgimento de novas tecnologias e avanços da ciência apontam na direção de uma melhor distribuição (oferecendo processos de dessalinização de água salgada e até mesmo de geração de água extraída da umidade do ar), por outro lado, continuamos contaminando e destruindo as principais fontes de água que poderiam melhorar essa situação, como os rios e os lagos.
O manejo incorreto de fontes, nascentes e rios, que sofrem com poluição e descarte de lixo, esgoto sem tratamento e resíduos industriais ao longo de seus leitos, com certeza não ajuda em nada.
Um mar de problemas
Em relação à água salgada, a situação também não é das melhores. Vale lembrar que os oceanos são um ecossistema crucial no planeta: eles são, por exemplo, os verdadeiros pulmões do planeta, responsáveis por mais da metade do oxigênio que respiramos. Mas o mesmo descaso que ocorre com nossas fontes de água doce também se verifica com a água salgada.
A situação dos oceanos é considerada crítica: além de receber quantidades cada vez maiores de esgotos, resíduos industriais, lixo, vazamentos de navios cargueiros e fertilizantes agrícolas vindo dos rios, suas águas ainda estão cada vez mais “plastificadas” devido à quantidade crescente de poluição plástica que chegam até elas.
Os números são gritantes: há cerca de 150 milhões de toneladas de plástico nos oceanos atualmente, e a cada ano de 8 a 13 milhões se juntam a esse número. O plástico já foi encontrado em todas as profundidades oceânicas e em todas as formas: desde grandes objetos até os invisíveis microplásticos, partículas minúsculas que parecem estar contaminando praticamente todo o planeta – inclusive o próprio organismo humano.
Inúmeros animais e aves marinhas acabam se tornando vítimas de toda essa poluição nas águas oceânicas: seja ao se engasgar com objetos plásticos que confundem com comida, seja pela contaminação que recebem dos poluentes descartados nos mares.
Aquecimento — e ressecamento — global
Além disso, o processo de aquecimento global que o planeta enfrenta agrava o problema: o aumento da temperatura deve diminuir a oferta de água potável, uma vez que pode afetar o ciclo da água: com temperaturas maiores, aumenta-se a evaporação da água, que altera a umidade do solo e o escoamento das águas, modificando o regime de chuvas – isso, por sua vez, leva a secas mais intensas e estiagens mais prolongadas. Todo esse cenário impacta a disponibilidade de água para consumo.
Outro ponto que deve ser levado em consideração é a diminuição gradual da quantidade de neve e de gelo nas montanhas e mesmo nos pólos. Algumas regiões, como os Andes e o Himalaia, dependem de rios e lagos que são alimentados pelo derretimento da neve armazenada nas montanhas durante o inverno. Sem essa neve, a disponibilidade de água é prejudicada.
Pegada Hídrica
Como já vimos, além de ser fundamental para a vida no planeta, a água também é parte crucial de diversas atividades importantes que permeiam nosso dia a dia: é ela que irriga plantações, que alimenta criações de animais, que gira turbinas em usina hidrelétricas e que está por dentro de muitos outros processos produtivos que cercam nossas rotinas, e dos quais, na maioria das vezes, sequer nos damos conta.
Isso se chama “pegada hídrica” ou “água virtual”: é a quantidade total de água envolvida na produção de algo ou em determinada atividade que realizamos. Ao contrário da água que usamos e vemos em nossas rotinas diárias (tomando banho, escovando os dentes, cozinhando, limpando a casa), boa parte dessa água utilizada em outras atividades é “invisível”: temos pouco conhecimento e pouco controle sobre seu uso e consumo.
Muitas indústrias e setores produtivos estão se esforçando para reduzir sua pegada hídrica, mas ainda consomem quantidades massivas de água: só a agricultura é responsável por 70% do consumo de água global.
Conhecer melhor como a água faz parte de tudo aquilo que compramos, comemos e fazemos é fundamental para ampliar nossa consciência sobre sua importância.
Acompanhe a seguir a pegada hídrica - a água consumida na produção e/ou no uso de diversos alimentos e produtos que fazem parte de nossa rotina. Prepare-se para enxergar um pouco melhor como a água “respinga” em tudo o que nos cerca!
Preservação e uso consciente
Todo esse consumo de água que você não vê tem um imenso impacto na gestão desse recurso tão precioso. Em alguns casos, está muito claro como fazer um uso racional: basta economizar, evitar o desperdício e utilizar com mais consciência. Veja estes exemplos simples que o Instituto Akatu apresenta:
- Escovar os dentes de torneira fechada. Se 10 milhões de brasileiros escovarem os dentes 3 vezes ao dia com a torneira fechada, durante 1 mês, usando apenas um copo d’água para enxágüe, seria possível economizar o equivalente a uma hora do volume de água que cai pelas Cataratas do Iguaçu.
- Torneira fechada ao se barbear. Se homens brasileiros reduzirem para 1 minuto o tempo de torneira aberta ao se barbear durante um mês, serão economizados mais de 29 bilhões de litros de água, o equivalente ao volume de mais de 11.700 piscinas olímpicas cheias! Imagina se conseguirem se barbear com a torneira fechada? 😜
- Lave seu jeans a cada 15 dias. Lavar um par de jeans toda semana em uma máquina de lavar convencional pode consumir 958 litros de água em um ano. Se os brasileiros lavarem seu jeans apenas quinzenalmente, economizaríamos um volume de água suficiente para encher 60 vezes o estádio inteiro do Maracanã.
- Economizar água é uma arte. Se todos os paulistanos diminuírem o seu tempo de banho em 1 minuto por dia, em um mês será possível economizar 78 vezes o volume do MASP de água!
- Xixi? No banho! O simples ato de fazer xixi no banho substitui o acionamento de uma descarga. Se todos os brasileiros que têm chuveiro em casa fizessem xixi no banho, todos os dias por uma semana, economizariam um volume de 6,2 bilhões de litros de água, o equivalente ao da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.
Mas além de eliminar o desperdício e usá-la com mais consciência em seu dia a dia, você também pode tomar uma atitude para preservar a “água invisível”, consumida em todos aqueles processos produtivos dos quais falamos. Sabe como? Com suas escolhas de consumo! Veja alguns exemplos:
- Troque a carne vermelha. Imagine que um grupo de 30 amigos realize um churrasco todo mês: substituindo pouco mais da metade da carne bovina pela carne de frango, em um ano, será evitado o consumo de 1 milhão de litros de água – o suficiente para suprir as necessidades de uma família de 4 pessoas por 7 anos!
- Jeans nunca sai de moda. Deixar de comprar uma nova calça jeans economiza água suficiente para suprir o consumo residencial (lavar louças, tomar banho, beber, cozinhar, etc.) de uma pessoa por mais de 3 meses!
- Mudança sólida. Trocando seus cosméticos líquidos (shampoos, condicionadores, etc.) por versões sólidas, em barra, você está evitando o consumo da água que compõem esses produtos — mais de 80% desses cosméticos é apenas água — e ainda por cima, evita o uso e descarte de embalagens plásticas que poluem a natureza e causam tantos prejuízos ao meio ambiente.
Deu para notar que precisamos cuidar com muito carinho mesmo da água que nos dá condições para viver com saúde e bem-estar, não é mesmo? E que nosso consumo desse bem precioso vai muito além do que imaginamos!
Mas também deu para perceber que não é tão difícil aplicar pequenas mudanças em nosso estilo de vida e começar a preservar a água em nossos próprios lares e a partir de nossas escolhas individuais. Ou seja, podemos – e devemos – fazer nossa parte!
Viu como a mudança está a seu alcance? De gotinha em gotinha, podemos preservar um oceano de água e garantir o futuro do planeta e das futuras gerações. Deixe seus comentários e compartilhe com a gente as atitudes que você aplica em seu dia a dia para preservar a água de nosso planeta!